15 de abr. de 2014

Lua Vermelha: ciência e mitologia na mesma atmosfera

Na madrugada desta terça-feira (15), mais precisamente às 4h45, os olhares dos latinoamericanos estarão voltados para o céu. É nesse horário em que o Sol, a Terra e a Lua, nesta ordem, estarão alinhados, formando o eclipse lunar da Lua Vermelha. Apesar do ápice do fenômeno astrológico só acontecer quase às 5h da terça (15), a partir das 3h já será possível ver a a projeção da sombra do planeta azul a cobrir parte da lua, formando o amarelamento do satélite chamado de penumbra do eclispe.

Segundo o professor de química fundamental, Antônio Carlos Pavão, esse tipo de evento não tem uma periodicidade, porque depende dos planos das órbitas da lua e da terra, que nem sempre coincidem e não há qualquer regularidade em seus alinhamentos. “A gente tem como prevê o próximo, mesmo assim não é obrigatoriamente uma data fixa”, diz Pavão.

O professor de história Alexandre Evangelista, especialista em astronomia, conta que os eclipses lunares se repetem três vezes por ano, pelo menos. “Na Lua Vermelha que acontece nesta madrugada, que termina por volta das 6h15, a lua vai passar numa sombra projetada pela terra, quando a luz do sol será desviada pela atmosfera até chegar à lua”, explica. A penetração da luz solar na atmosfera, por sinal, é um momento perfeito para avaliar a qualidade do ar da atmosfera. “Quanto mais vermelha a lua, maior o nível de poluição. A luz dispersa na atmosfera e essa dispersão varia em maior ou menor grau a depender do nível de poluição”, detalha Pavão. 

Apesar do teor cientificista do eclipse, o fenômeno da Lua de Sangue tem criado um clima de mistério e tensão em muitas pessoas. Para a astróloga, Fernanda Zanini, a data tem sido alardeada porque coincide com festivais religiosos do povo judeu. “E, por incrível que pareça. São alguns grupos evangélicos que começar a publicar sobre o fenômeno, baseados na pesquisa do rabino Mark Biltz. Ele, por sua vez, se baseou na profecia bíblica de Joel capítulo 2, versículo 3, onde Deus diz que ‘O Sol tornar-se-á escuridão e a Lua sangue, antes de chegar o grande e terrível dia do Senhor’”, afirma Fernanda.

A despeito das questões religiosas, Zanini diz que os eclipses são momentos importantes para a astrologia, sobretudo o que acontece nesta madrugada. “A lua representa nosso lado emocional, institivo e nos faz entrar em contato com questões subconscientes, nos faz aprofundar em nosso mundo emocional. Os eclipses lunares impulsionam transformações necessárias em nossos condicionamentos, e nos fazem rever hábitos, e observar nossas relações familiares. É sempre possibilidade de rever o passado, e resolver situações que ficaram guardadas no subconsciente”, pontua a astróloga.

PROGRAMAÇÃO
De acordo com o professor de química fundamental, Antônio Carlos Pavão, uma equipe de professores e astrônomos vão aproveitar o momento para esclarecer a população sobre a dinâmica celeste. Para isso, a equipe organizou uma série de eventos durante a madrugada, no Observatório do Alto da Sé. “Estaremos observando Marte e Júpiter e serão disponibilizados vários telescópios para o público, além de colchonetes para as pessoas ficarem deitadas e observarem melhor o céu”, adianta Pavão. O evento também conta com música e a exposição “A próxima fronteira”, dentro do Obsevatório.

Marque na agenda os próximos eclipses:

8 de outubro de 2014
4 de abril de 2015
28 de setembro de 2015.

Saiba mais*:
O que os eclipses representavam para os povos antigos?


- Os povos antigos como os caldeus, egípcios, maias, entre outros, já tinham conhecimento astronômico e conseguiam calcular quando os eclipses iriam ocorrer. Os caldeus e babilônios já previam eclipses há 3000 anos.

- Para os povos antigos, geralmente os eclipses eram sinal de maus presságios, sendo recebidos com medo. Os antigos acreditavam que os astros eram “engolidos” por algum fenômeno sobrenatural.

- No livro “Eclipses ao longo dos séculos”, de Norma Terezinha de Oliveira Reis, é possível encontrar relatos sobre as lendas dos eclipses na visão de alguns povos antigos.

- Algumas civilizações, como os esquimós, por exemplo, interpretavam tais fenômenos como sinais de boa sorte. O Sol e a Lua abandonavam temporariamente seus lugares naturais no céu para assegurarem-se de que tudo estava bem na Terra. Algumas lendas de eclipses são histórias de amor e muitas outras refletem crenças locais.

- Na maioria das culturas aborígenes, acreditava-se que a Lua e o Sol eram marido e mulher respectivamente, puxando as cortinas do céu para assegurar privacidade à sua união.

- Os atenienses, na Grécia antiga, acreditavam que os eclipses (solares ou lunares) eram causados por deuses furiosos;
- Os maias, na América Central, acreditavam que, durante os eclipses lunares, um jaguar gigante devorava a Lua. Ele se movia pela escuridão e sua pele se assemelhava a um céu estrelado.

- No Japão, poços eram fechados para evitar que a água fosse contaminada pelo suposto veneno que vinha dos céus, proveniente do eclipse.

- Na Escandinávia, acreditava-se que dois lobos chamados Skoll e Hat aterrorizavam o Sol e a Lua.

- Na Índia, um monstro chamado Rahu teria a cabeça de um dragão e a cauda de um cometa. Ele dirigiria uma carruagem puxada por oito cavalos pretos que representavam o céu.

- Os Astecas acreditavam que Tzitzimine, estrelas-demônio, causavam eclipses quando combatiam o Sol.

- Na Bolívia, acreditava-se que cachorros corriam atrás do Sol e da Lua e mordiam-os. Era o sangue da Lua que a deixava avermelhada. A população gritava e gemia para espantar os cães.

*Fonte: Fernanda Zanini


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