Na madrugada desta terça-feira (15), mais precisamente às 4h45, os
olhares dos latinoamericanos estarão voltados para o céu. É nesse
horário em que o Sol, a Terra e a Lua, nesta ordem, estarão alinhados,
formando o eclipse lunar da Lua Vermelha. Apesar do ápice do fenômeno
astrológico só acontecer quase às 5h da terça (15), a partir das 3h já
será possível ver a a projeção da sombra do planeta azul a cobrir parte
da lua, formando o amarelamento do satélite chamado de penumbra do
eclispe.
Segundo o professor de química fundamental, Antônio
Carlos Pavão, esse tipo de evento não tem uma periodicidade, porque
depende dos planos das órbitas da lua e da terra, que nem sempre
coincidem e não há qualquer regularidade em seus alinhamentos. “A gente
tem como prevê o próximo, mesmo assim não é obrigatoriamente uma data
fixa”, diz Pavão.
O professor de história Alexandre Evangelista,
especialista em astronomia, conta que os eclipses lunares se repetem
três vezes por ano, pelo menos. “Na Lua Vermelha que acontece nesta
madrugada, que termina por volta das 6h15, a lua vai passar numa sombra
projetada pela terra, quando a luz do sol será desviada pela atmosfera
até chegar à lua”, explica. A penetração da luz solar na atmosfera, por
sinal, é um momento perfeito para avaliar a qualidade do ar da
atmosfera. “Quanto mais vermelha a lua, maior o nível de poluição. A luz
dispersa na atmosfera e essa dispersão varia em maior ou menor grau a
depender do nível de poluição”, detalha Pavão.
Apesar do teor
cientificista do eclipse, o fenômeno da Lua de Sangue tem criado um
clima de mistério e tensão em muitas pessoas. Para a astróloga, Fernanda
Zanini, a data tem sido alardeada porque coincide com festivais
religiosos do povo judeu. “E, por incrível que pareça. São alguns grupos
evangélicos que começar a publicar sobre o fenômeno, baseados na
pesquisa do rabino Mark Biltz. Ele, por sua vez, se baseou na profecia
bíblica de Joel capítulo 2, versículo 3, onde Deus diz que ‘O Sol
tornar-se-á escuridão e a Lua sangue, antes de chegar o grande e
terrível dia do Senhor’”, afirma Fernanda.
A despeito das
questões religiosas, Zanini diz que os eclipses são momentos importantes
para a astrologia, sobretudo o que acontece nesta madrugada. “A lua
representa nosso lado emocional, institivo e nos faz entrar em contato
com questões subconscientes, nos faz aprofundar em nosso mundo
emocional. Os eclipses lunares impulsionam transformações necessárias em
nossos condicionamentos, e nos fazem rever hábitos, e observar nossas
relações familiares. É sempre possibilidade de rever o passado, e
resolver situações que ficaram guardadas no subconsciente”, pontua a
astróloga.
PROGRAMAÇÃO
De acordo com o
professor de química fundamental, Antônio Carlos Pavão, uma equipe de
professores e astrônomos vão aproveitar o momento para esclarecer a
população sobre a dinâmica celeste. Para isso, a equipe organizou uma
série de eventos durante a madrugada, no Observatório do Alto da Sé.
“Estaremos observando Marte e Júpiter e serão disponibilizados vários
telescópios para o público, além de colchonetes para as pessoas ficarem
deitadas e observarem melhor o céu”, adianta Pavão. O evento também
conta com música e a exposição “A próxima fronteira”, dentro do
Obsevatório.
Marque na agenda os próximos eclipses:
8 de outubro de 2014
4 de abril de 2015
28 de setembro de 2015.
Saiba mais*:
O que os eclipses representavam para os povos antigos?
-
Os povos antigos como os caldeus, egípcios, maias, entre outros, já
tinham conhecimento astronômico e conseguiam calcular quando os eclipses
iriam ocorrer. Os caldeus e babilônios já previam eclipses há 3000
anos.
- Para os povos antigos, geralmente os eclipses eram sinal
de maus presságios, sendo recebidos com medo. Os antigos acreditavam que
os astros eram “engolidos” por algum fenômeno sobrenatural.
- No
livro “Eclipses ao longo dos séculos”, de Norma Terezinha de Oliveira
Reis, é possível encontrar relatos sobre as lendas dos eclipses na visão
de alguns povos antigos.
- Algumas civilizações, como os
esquimós, por exemplo, interpretavam tais fenômenos como sinais de boa
sorte. O Sol e a Lua abandonavam temporariamente seus lugares naturais
no céu para assegurarem-se de que tudo estava bem na Terra. Algumas
lendas de eclipses são histórias de amor e muitas outras refletem
crenças locais.
- Na maioria das culturas aborígenes,
acreditava-se que a Lua e o Sol eram marido e mulher respectivamente,
puxando as cortinas do céu para assegurar privacidade à sua união.
- Os atenienses, na Grécia antiga, acreditavam que os eclipses (solares ou lunares) eram causados por deuses furiosos;
-
Os maias, na América Central, acreditavam que, durante os eclipses
lunares, um jaguar gigante devorava a Lua. Ele se movia pela escuridão e
sua pele se assemelhava a um céu estrelado.
- No Japão, poços
eram fechados para evitar que a água fosse contaminada pelo suposto
veneno que vinha dos céus, proveniente do eclipse.
- Na Escandinávia, acreditava-se que dois lobos chamados Skoll e Hat aterrorizavam o Sol e a Lua.
-
Na Índia, um monstro chamado Rahu teria a cabeça de um dragão e a cauda
de um cometa. Ele dirigiria uma carruagem puxada por oito cavalos
pretos que representavam o céu.
- Os Astecas acreditavam que Tzitzimine, estrelas-demônio, causavam eclipses quando combatiam o Sol.
-
Na Bolívia, acreditava-se que cachorros corriam atrás do Sol e da Lua e
mordiam-os. Era o sangue da Lua que a deixava avermelhada. A população
gritava e gemia para espantar os cães.
*Fonte: Fernanda Zanini
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