Saudações à todos os
leitores do Blog do Faguinho Athos e do Portal P1 Agreste. Esta semana quero
conversar com vocês sobre um dos assuntos que vem movimentando a mídia e as
redes sociais no ultimo fim de semana, que foram os protestos em prol e contra
o atual governo federal, mais especificamente contra a Presidente Dilma. Porém,
antes de falar necessariamente sobre os protestos ocorridos, gostaria de trazer
alguns conceitos que se fazem importantes no debate político. São eles:
Em questão
ideológica, há de se falar em partidos de direita e esquerda. Os políticos “DE DIREITA” representariam o interesse
de grupos dominantes e a conservação dos interesses das elites. Por outro lado,
os políticos “DE ESQUERDA” teriam
uma orientação reformista baseada na conquista de benefícios às classes sociais
menos privilegiadas.
Já quanto
os regimes políticos, tem-se que o SOCIALISMO
visa uma sociedade totalmente igualitária, sem distinção nas classes
sociais e total controle de renda e comércio pelo Estado, onde existe
uma socialização dos meios de produção. Já o CAPITALISMO é o oposto, onde o acúmulo de bens e a abertura para a
globalização são alguns dos elementos principais. Neste sistema, vemos que
existe um cenário propenso para o grande crescimento econômico e investimentos
estrangeiro, porém, problemas como a desigualdade social, isto é, a
concentração do lucro nas mãos de poucos. O COMUNISMO é muito parecido com o socialismo, porém, diferente do
anterior, não necessita da existência de um Estado para controlar e impedir a
entrada do capitalismo.
No que
tange à INTERVENÇÃO MILITAR, diz-se
que as
Forças Armadas, constituídas pela Marinha, pelo Exército e pela Aeronáutica,
são instituições nacionais permanentes e regulares, organizadas com base na
hierarquia e na disciplina, sob a autoridade suprema do Presidente da
República, e destinam-se à defesa da Pátria, à garantia dos poderes
constitucionais e, por iniciativa de qualquer destes, da lei e da ordem. Diante
do fato de que vivemos em uma democracia representativa, qualquer ação militar
precisa ser requisitada por um dos três “poderes constitucionais”, inspirados
na velha teoria da separação dos poderes de Montesquieu: Legislativo, Executivo
ou Judiciário. Não é concebível imaginar que, indo às ruas com cartazes, o povo
possa, respaldado pela Lei Suprema do país, convocar as Forças Armadas a
derrubar a Presidente, tratando-se então de um golpe de estado.
A DITADURA é um regime governamental onde todos os poderes do
Estado estão concentrados em um indivíduo, um grupo ou um partido. O ditador
não admite oposição a seus atos e ideias, possui poder e autoridade absoluta. É
um regime antidemocrático onde não existe a participação da população.
Já a DEMOCRACIA
é a forma de governo em que a soberania é exercida pelo
povo. Neste sistema político, o poder é exercido pelo povo através do sufrágio
universal. É um regime de governo em que todas as importantes decisões
políticas estão com o povo, que elegem seus representantes por meio do voto. É
um regime de governo que pode existir no sistema presidencialista, onde o
presidente é o maior representante do povo, ou no sistema parlamentarista, onde
existe o presidente eleito pelo povo e o primeiro ministro que toma as
principais decisões políticas.
Depois de analisados todos
esses conceitos que se fazem imprescindíveis no debate político sobre as manifestações
ocorridas no último fim de semana, para não se buscar um dizer contraditório ou
ainda leviano.
Bem os fatos foram os
seguintes:
13 de março de 2015:
Manifestações ocorridas em várias cidades do país, convocadas pela CUT e
movimentos sindicais dos mais diversos gêneros em prol da Presidente Dilma
Rousseff, mas também não esquecendo de reivindicações por melhorias nas
condições de vida da população brasileira, mas não culpando apenas uma pessoa e
sim todo o sistema político. Trazendo assim, a grande questão da "Reforma
Política", que já engavetada por muitos, não se tem como a solução de
todos os problemas do Brasil, porém traz-se a ideia de que mudariam muitas
situações atualmente existentes.
15 de março de 2015:
Manifestações ocorridas nas principais cidades do país, convocadas por
movimentos de direita como o Movimento Brasil Livre,
Vem Pra Rua e Revoltados Online. Aderiram oficialmente aos atos os principais
partidos de oposição do Brasil: DEM, PSDB, PPS e Solidariedade., com
adesão de inúmeros partidos políticos. Tal movimentação chamada de
"Anti-Dilma", "Pró-Impeachmant", entre outros, pregavam o
afastamentos do atual quadro do poder executivo do país, mas também buscavam
melhorias para a sociedade.
Vale salientar que segundo a
Constituição Federal de 1988, é assegurado o livre direito de associação e
manifestação dos cidadãos brasileiros, então o que faz entender que as duas
manifestações foram legítimas, uma vez que o povo saiu às ruas para
manifestação de sua vontade. O que não é legítima é a manifestação de ódio e
desprezo no encarar de um debate que tem cunho político e não politiqueiro.
Se vale falar primeiramente
do caráter democrático de tais atos, uma vez que já se lutou tanto para que
"nossa sociedade" hoje pudesse ir às ruas e falar suas opiniões, sem
a opressão de um tirano ou ainda restrições de uma ditadura que desrespeita a
liberdade de expressão da maneira mais vil que possa existir, de forma violenta
e restritiva. É através desse movimentos que o povo pode ser ouvido nas ruas e
serve também como uma forma de pressionar àqueles que fazem, julgam e executam
as leis.
Porém, o que assusta é a
disseminação do ódio entre as pessoas, onde em grande parte das entrevistas
apresentadas pela mídia, são ditas palavras de baixo nível contra à maior
autoridade do país, ou seja, a presidente, bem como palavras ofensivas contra
partidos políticos e opiniões diversas dos movimentos e ideologias ali
pregados.
Não querendo nem citar às
posições de pessoas que não sabiam nem o que estavam fazendo ali, como dizia
Hebert Viana "caíram de gaiato no navio!", que estavam indo pela
primeira vez a um protesto, depois de verem a Globo News divulgando à todo
instante que as ruas estavam tranquilas e pacíficas, onde "pessoas de
bem" estavam buscando mudanças para o país.
Ou ainda citando aqueles que
acreditam que todas as tragédias que ocorrem no Brasil e no mundo são a culpa
de uma única pessoa, "Ahhhh... o 11 de setembro é culpa do PT!" (Bin
Laden confabulou com o partido que nem estava no poder ainda, uma vez que FHC
era o presidente na época), entre outros absurdos que querem enfiar de
"goela" abaixo das massas. E outra, a culpa do que está acontecendo
não é minha, Eu votei no Aécio! Descupinha mais sem graça essa, uma vez que ele
tem culpa também ao passo que a reforma política poderia ser uma luta dele, que
nada faz para tira-la do papel.
E os artistas que
emprestaram seus lindos rostinhos para convocar a população a participar
daquela movimentação "global". Ou ainda os militares tratados como
heróis salvadores da pátria, que através de uma intervenção militar teriam o
poder de tirar o país das mãos desses "vagabundos e ladrões" que
estão no poder. Vale lembrar que a PIOR DEMOCRACIA É MUITO MELHOR QUE A MELHOR
DITADURA, mas isso são cenas para um próximo debate.
A reforma política, assunto
que muito em breve trataremos aqui também, traz em seu ínterim mudanças que
diminuiriam os meios corruptivos, bem como a compra de votos, seria algo quase
inexistente, uma vez que os recursos poderiam ser escassos. Hoje, uma campanha
política pode chegar à valores astronômicos, e ganha quem tiver mais poder de
compra, ou seja, dinheiro, este que vem dos grandes empresários do país, que
financiam as mesmas, independente de quem ganhe. Grandes empreiteiras doam pra
candidato A e B a mesma quantia e esperam favorecimentos pós vitória de
qualquer um dos mesmos. Uma reforma poderia mudar esse poder, porém basta que
aqueles que nos representam estejam dispostos à realmente desempenhar seu papel
designado.
Vale ressaltar ainda que
tais eventos foram fatos midiáticos, convocados pela mesma numa expressa
motivação para enfraquecer a presidente. Mas observando a imprensa
internacional, verifica-se que os principais jornais declararam os movimentos
como de "manifestações da classe média alta e festival de ódio". A revista de economia Forbes chamou os protestos de “festival do
ódio”. O jornal americano New York Times ressaltou que o impeachment ainda
parece uma possibilidade distante, e defendeu a postura de Dilma diante dos
protestos. O italiano La Repubblica destacou que havia manifestantes
pedindo intervenção militar para “por fim ao predomínio político do partido dos
trabalhadores”. Já o espanhol El País noticiou, na capa do periódico, que
“os protagonistas das marchas pertencem às classes médias mais educadas”. Na
argentino Clarín, destacou-se
que o deputado federal Paulinho da Força (SD-SP) foi “o único que levou grande
número de manifestantes que não são nem brancos nem ricos para a manifestação”.
O diário destacou, porém, que Paulinho – líder da Força Sindical e um dos
únicos a defender abertamente o impeachment da presidente- foi hostilizado por
manifestantes que apenas “toleram” a camada social de trabalhadores
representada por este político.
Sim, eu acredito que o país
está precisando de grandes reformas, inclusive uma mudança de panorama, no que
diz respeito aos direitos do cidadão, porém não sou adepta de posições
extremistas (nem de direita, nem esquerda), uma vez que acredito que o debate consciente
pode nos levar por caminhos inimagináveis. Acredito também que a verdadeira
democracia é feita pelo debate, mas também nas urnas e no dia-a-dia em
sociedade.
A democracia consiste na
possibilidade de que cada um possa ter seus direitos respeitados, na limitação
do direito do outro, bem como ter sua representação nos três poderes
(Executivo, Legislativo e Judiciário). e como já dito, o discurso político é
válido para que novas possibilidades sejam pensadas e adotadas, e não posso nem
vou mentir, "me emociona ver o povo na rua, lutando por seus ideais,
falando mesmo, sem nenhuma repressão ou censura, isso me enche os olhos", porém
esse debate deve ser sério e não uma continuidade de "Maria vai com as
outras", ou simplesmente uma arruaça para fazer barulho sem nada protestar
com fundamento.
Não
estou aqui para defender a presidente, nem muito menos quaisquer partido, estou
aqui para juntos abrirmos os olhos para um olhar coerente com a realidade, e
que não sejamos manipulados como assim deseja a classe opressora e dominante do
país.
Então até a próxima quarta-feira.
Grande abraço,
Lindy Campos
(18.03.2015)
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