Mas
o que eu tenho a ver com isso? Isso não é problema meu!
POR LINDY CAMPOS
Saudações à todos os
leitores do Blog do Faguinho Athos e do Portal P1 Agreste. Primeiramente
gostaria de apresentar minhas sinceras desculpas pela falta na ultima semana. Motivos
superiores me levaram a não apresentação desta coluna semanal, porém, cá estou
para novamente abordar junto a vocês, temas de grande repercussão em nosso
meio, cidade/estado/país.
Hoje gostaria de conversar
com vocês, acerca de um tema, que à olhos de muitos pode parecer clichê, ou
ainda de "pura reclamação que não vai chegar a lugar algum", mas que
ao meu ver, é de grande relevância para a construção de uma sociedade livre,
justa e igualitária.
Gostaria de chamar atenção
de Vossas Senhorias, que acompanham os referidos blog e site e que compartilham
de minhas ideias, sobre a questão da EDUCAÇÃO no cenário atual. "Ahhh...
Mas o que é que eu tenho a ver com isso? Decido se quero ou não frequentar os
bancos de uma escola e pronto, isso não é problema meu!" Muitos podem
assim pensar, porém meu caro leitor, vou lhe dizer como se dizem por aí, "o buraco é
bem mais embaixo!"
O que
sabemos sobre a situação das escolas do nosso país? E ainda sobre os
professores e alunos, quais são as condições encontradas pelos mesmos para que
possam realizar seu trabalho e aprender respectivamente, sobre essa relação
ensino-aprendizagem mútua, que anda por deveras desgastada?
São tantos
os aspectos que poderiam ser abordados neste texto, que o tornariam um livro,
de tão extenso que seria, mas essa não é minha intenção. O que desejo é trazer
à todos a importância dessa questão e debate.
Me
considero uma eterna estudante, gosto de aprender e sou curiosa com as coisas
que podem me interessar. Sou filha de uma professora da Rede Pública de ensino
e sempre acompanhei de perto suas lutas por uma educação de qualidade. Também
estudei grande parte da minha vida em escola da rede pública, mas também tive a
oportunidade de estudar na rede privada, e pude comparar simultaneamente as diferenças
existentes (uma vez que estudei o Ensino Médio em escola particular e o Normal
Médio, antigo magistério, em escola pública, ambas na mesma época). Nessa
trajetória acadêmica, pude ainda mais me aprofundar em questões relativas ao
ensino e suas condições.
Então posso
dizer com propriedade o quanto é notório o desinteresse de muitos governos no
que tange a valorização do ensino. Há de se falar em escolas sem
infra-estrutura adequada, sistemas de ensino que buscam somente aprovação do
aluno, sem buscar construir um ser pensante e a desvalorização da classe de
professores, no que tange à salários e até as próprias condições de trabalho
dentro da sala de aula.
Tal assunto
me chamou a atenção, dentro de tantas outras coisas estarrecedoras que
aconteceram nos últimos dias e sobre as quais conversaremos em outras
oportunidades, uma vez pra quem não sabe, a educação em Pernambuco está
passando por uma situação ainda mais delicada nesse momento. Os professores da
rede pública estadual, se encontram em estado de greve, reivindicando direitos
que seriam no mínimo básicos aos mesmos e que o governo do estado, está lutando
incessantemente para retirar-lhes.
Para
explicar melhor, uma das principais reivindicações travadas pelo estado de
greve, é que se pretende retirar o Plano de Cargos e Carreiras da profissão,
não dando-lhes o reajuste anual devidamente concedido pelo governo federal, fato
que se adotado pelo estado de Pernambuco, atingirá diretamente o plano
constitucional. O que seria isso, se busca igualar o salário de todos os
professores, independentemente do quanto os mesmos se aperfeiçoariam ou não.
Tal plano incentiva aos professores a busca pelo conhecimento cada vez mais, se
buscar uma pós-graduação, um mestrado, doutorado e pós-doutorado, pois se estudando
mais, receberia mais. Porém a maioria de nossos deputados estaduais e o
ilustríssimo governador, pretendem simplesmente acabar com isso E PRONTO!
Aí você me
pergunta: E o que é que eu tenho a ver com isso?
Meu caro
amigo, você tem tudo a ver com isso!
Relembrando
quando eu disse que estudei o curso Normal, observava algumas colegas de sala,
que estavam ali simplesmente por estar, pra não ficar em casa, isso já me
preocupava. Digo que aos 14 ou 15 anos já pensava: "Meu Deus, quando eu
tiver filhos, essas serão suas possíveis professoras!" Não é discriminando
ninguém, não tenho filhos AINDA, mas como é que posso ficar despreocupada, se
pode chegar o dia em que não se existam pessoas dispostas ao desempenho de tal
função que é tão nobre, e passem a exercê-las pessoas que estão ali só por
estar.
Eu me
preocupo com o futuro!
Eu me
preocupo não só com os filhos que poderei ter, mas me preocupo também com os
filhos de pessoas que talvez nem conheça, mas que estão aí, nas mais diversas
salas de aula, sem a mínima estrutura humana e material para aprendizagem. São
esses filhos dos outros que eu não conheço, que podem se tornar os futuros
dirigentes de nossa sociedade, e que futuro estará disponível, diante de
pessoas que não foram ensinadas sequer a pensar.
Eu apoio a
greve dos professores da rede pública estadual de Pernambuco, apoio suas
manifestações, assino embaixo como forma de mostrar que entendo suas
reivindicações e procuro conhecer também suas fundamentações. Pois é muito
simples criticar aquilo que não se conhece, é simples chamar de vagabundo que
não quer trabalhar, o difícil é juntar-se numa luta, o difícil é dar a cara a
bater, o difícil é enfrentar uma classe dominante que em busca de poder, quer
diminuir direitos constitucionalmente estabelecidos. É DIFÍCIL SER DIFERENTE E
LUTAR PELO QUE SE ENTENDE COMO JUSTO.
Mas é aqui
que convido você, caro leitor, à uma análise sobre tais questões e buscar a
implantação de justiça e igualdade, onde não as encontramos.
Então até a próxima quinta-feira.
Grande abraço,
Lindy Campos
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