6 de nov. de 2018

Cães que dormem no quarto do dono têm comportamento menos destruidor


A APDT, ou Associação de Adestradores Profissionais de Cães, é a maior comunidade de adestradores do mundo, pois conta com mais de 5 000 associados. Todo ano, promove uma conferência nos Estados Unidos, que tem o objetivo de reunir profissionais de vários países para debater temas relacionados a treinamentos de cachorros e a comportamento animal.
Este ano, a conferência ocorreu em Memphis, no Tennessee. Foram cinco dias de palestras com especialistas renomados da área, além de eventos com premiações, sessão científica, feira de produtos e atividades voltadas para estimular a interação entre os presentes.
Apresentação
Tive a oportunidade de falar sobre uma recente pesquisa que conduzimos, cujos resultados nos mostraram uma associação entre o local onde os cães passam a noite e a ocorrência de comportamentos como latir e destruir objetos quando estão sozinhos, além de rosnar e morder pessoas.

A pesquisa foi feita através de um questionário compartilhado em mídia social. Mais de 60 000 pessoas participaram, o que é considerado um número relevante para esse tipo de análise. O questionário continha perguntas relacionadas a comportamentos problemáticos e também aos locais onde os cães podiam dormir à noite (no quarto, dentro ou fora de casa).
Os resultados trouxeram informações interessantes: cães que podem dormir no quarto do tutor durante à noite apresentam, com menor frequência, o comportamento de destruir objetos quando estão sozinhos, se comparados com aqueles que ficam dentro de casa, mas não podem dormir no quarto. E menos ainda do que cachorros que não podem dormir dentro da casa, ou seja, que ficam no quintal.
Quanto aos comportamentos de latir em excesso quando estão sozinhos, além de rosnar e latir para as pessoas, verificou-se uma frequência menor de sua ocorrência quando os cães permanecem dentro de casa durante a noite, não havendo grande diferença se for dentro ou fora do quarto.
O que há de novo nestes resultados?
A associação esperada por grande parte dos especialistas em animais de estimação é que cães que dormem com seus tutores seriam mais mimados e, portanto, apresentariam mais sinais de ansiedade de separação e comportamentos agressivos direcionados a outras pessoas, mas o que foi encontrado foi justamente o inverso.
Portanto, ao contrário do senso comum, cães que dormem mais perto de seus tutores, na média, choram ou latem menos quando estão sozinhos e demonstram menos agressividade (rosnar ou morder) contra pessoas.
Novas pesquisas
Pelos resultados da pesquisa, parece que a melhor conduta seria, justamente, deixar que cães durmam próximo de seus tutores durante a noite, mesmo que eles já apresentem alguns sintomas de ansiedade de separação, como latir em excesso e destruir objetos.
Mas uma resposta definitiva para essa pergunta talvez só seja possível através de outros estudos, já que uma associação não necessariamente significa uma relação de causa e efeito. Nesse sentido, por exemplo, não podemos afirmar que o fato de dormir fora da residência seja a causa de mais destruição de objetos pelos cães, pois eles podem ter sido impedidos de ficar dentro de casa justamente por serem destruidores.
Discutimos após a apresentação o quanto deve significar para um cão poder ficar mais próximo de sua família (de humanos, no caso) e como isso poderia deixá-lo mais preparado para lidar com a separação. Outro ponto levantado foi de que os cães que estão mais próximos de seus tutores têm mais chances de serem educados no dia a dia e no momento correto. Por último, também foi levantado que cachorros que podem ter acesso aos locais onde o tutor passa muito tempo, como na cama, tendem a ficar mais tranquilos quando sozinhos.
Como grande parte das pesquisas, trouxemos um pouco de informação e suscitamos muitas outras perguntas. Além da vontade de entendermos melhor os cães e suas necessidades, respostas para essas perguntas podem mudar radicalmente o que especialistas recomendam, além de afetarem o relacionamento dos cães e de seus tutores.
FONTE VEJA SÃO PAULO
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